O fim-de-semana de 14 e 15
de Junho, ficará para sempre gravado na memória de uns quantos amigos, que ao
terem aceitado o convite dos Espaços Sonoros de Coimbra, deitaram mãos à obra e
lá foram dar uma voltinha de moto para os lados de Setúbal e Sagres.
Espaços Sonoros são uma
empresa sediada em Coimbra, gerida por dois irmãos (Rui e Filipe) que se dedica
à comercialização de sistemas de navegação GPS, car-áudio, telecomunicações e
electrónica para motos, além de promover diversos eventos e cursos de formação.
Trata-se pois de uma empresa com sucesso e muito prestável para todos os
motociclistas que por lá quiserem passar.
Este ano, lançou mais uma
vez o desafio a todos aqueles que se quisessem inscrever na página do Facebook
da empresa, para fazer uns poucos de quilómetros em moto, à descoberta de
estradas fantásticas e procurando também criar mais algumas amizades além de
aventuras para registar na página de cada um.
Foi assim que um grupo de
amigos da Secção de Motociclismo da Caixa decidiu aderir e lá partiram à
aventura.
Então no sábado (14) pelas
12 horas, o José Augusto (eu) lá partiu de Vilar Formoso a caminho de Coimbra
para o encontro com o Jorge Martins, Carla Martins e Carlos Martins, previsto
para as 15:30, não sem antes ter feito uma paragem para aconchego estomacal em
Tondela.
À hora indicada, as três
motos e os quatro motards, partiram em direcção ao próximo ponto de encontro
para agregação de mais duas motos. Localidade Leiria, onde o David Cabecinhas e
o Fílipe Salgado já estavam preparados para o próximo trajecto.
Guiados pelo Carlos
Martins, lá se rumou até Cascais, não sem que antes numa estação de serviço
relativamente perto, apanhar o Guilherme Alencar que nos esperava para se
juntar ao grupo. Em casa do amigo António e Delfina, refrescámos as gargantas
com um bom champanhe francês e um bolinho caseiro, que estava uma delícia. Alguns
minutos para descanso e conversa de circunstância e já com o António na sua BMW
1200, partimos para o local onde estava montado o Secretariado do evento com os
homens dos Espaços Sonoros, local onde todos os participantes dos mais variados
pontos do país se concentraram.
Pouco passava das 19 horas
quando ali chegados, já nos esperavam mais quatro motards, a Paula e o José
Cisneiro e os familiares Maria Ramalho e João Saúde.
Feito o “check-in”, levantada a documentação e
actualizados os GPS pela organização com o trajecto que deveríamos seguir,
partimos em direcção a Setúbal, onde teríamos que jantar para depois às 23
horas apanharmos o barco para a travessia em direcção a Tróia. Não foi difícil
conseguir um espaço para jantar, mas que havia muita gente, lá isso havia. O
motivo tinha a ver com o desfile das marchas populares naquela cidade
piscatória. Já não conseguimos arranjar o tão afamado choco frito (claro já
passava das 21h), mas os bitoques com ovo a cavalo estavam muito bons. E as sandes
de presunto? Deliciosas.
Mesmo em cima da hora
ainda fomos abastecer as motos, já que a noite era inteirinha para rodar. Mas
claro, sempre há alguém que por este ou aquele motivo acaba por pensar que não
é necessário para já. Foi o caso do David Cabecinhas. A moto ainda tinha
gasolina, pois vinha atestada desde Leiria.
Chegados a Tróia, saídos
do barco, aí vamos nós guiados a partir daqui pelo José Cisneiro a caminho de
Vila Nova de Milfontes, local onde estava programada a seguinte paragem para
abastecimento….dos motards.
Ao longo da estrada que
nos levou de Tróia rumo a sul, foi muito interessante ver a quantidade de luzes
brancas que nos seguiam, através do retrovisor, e as vermelhinhas que viajavam
à nossa frente. Apesar de ser de noite mas com um luar fantástico, as 10 motos
do nosso grupo nunca se perderam. E quando temos um guia como o Cisneiro,
conhecedor da região como poucos, estávamos à vontade. Tão à vontade, que
alguns dos outros participantes decidiram não seguir a pista do GPS e
juntaram-se a nós para encurtar caminho por outras estradas.
Por volta da 01:30h num
cruzamento perdido algures entre Sines e a barragem de Morgavel, encontrámos um
bar aberto. Obrigatória paragem para refrescar as gargantas, pois havia calor e
o jantar tinha deixado marca. Que o digam o Filipe Salgado e a Carla Martins já
que mesmo antes de chegarmos a Tróia, ainda no barco, se estavam a queixar da
sede.
Uma meia hora foi mais que
suficiente para descanso.
Outra vez em cima das
motos e a caminho de Vila Nova de Milfontes.
Esperava-nos ali um
repasto divinal. E diga-se em abono da verdade que àquela hora (02:30h) depois
de umas tantas curvinhas e retinhas com a brisa da noite, o apetite não se fez
rogado. Frango estufado, lombo assado com batatinha, rissóis variados,
croquetes, sandes variadas, bebidas de toda a espécie, fruta, doce e café,
havia de tudo e com abundância. Que bem soube aquela paragem à luz da Lua na
baía e a ouvir ao som da noite as ondas fraquinhas do mar a bater na areia….
Mas como o destino ainda
estava a mais de cem quilómetros, havia necessidade de retomar caminho. Então
depois de a organização nos ter convocado para uma foto de família junto à
praia, rumou-se de novo a Sul.
O objectivo era o de
estarmos na ponta de Sagres às 06:00h para podermos assistir ao nascer do Sol.
Nesta parte do trajecto,
apenas um momento em que a atenção de alguns motards teve que ser muita em
função do piso da estrada (terra batida) por onde tivemos que passar. Claro que
aqueles que viajavam em motos enduro, fizeram o percurso a brincar. No final e
com o despontar da manhã é que verificámos a quantidade de pó que tínhamos apanhado.
A partir daqui o David
Cabecinhas começou a deixar o pessoal assustado, pois como não tinha abastecido
a moto em Setúbal, e dado o avançar da hora em que as estações de serviço estão
fechadas, a dificuldade de continuar viagem agravava-se, já que a reserva daria
para poucos quilómetros. Quando víamos uma, lá íamos nós para ver se tinha
abastecimento automático. Bom, estávamos no Alentejo e a maioria das máquinas
em off-line. Chegados a Aljustrel, já não conseguíamos sair dali. A hipótese
avançada pelo Cisneiro era de tirar um litro a cada moto para dar ao David. Mas
nas bombas junto aos Bombeiros depois de muita insistência, lá se conseguiu
obter o on-line da máquina para abastecimento (não fosse o David homem de
informática). Foi uma alegria geral. Dali até a Sagres foi só acelerar.
Ainda não eram 06:00h e já
tínhamos chegado ao destino. À hora prevista para o nascer do Sol (06:11h),
este, nem vê-lo. Chegou-se a temer que o objectivo falhasse. Mas não. Às
06:19h, muito envergonhado, lá se dignou aparecer. Houve por parte da
assistência um coro de exclamação de alegria e regozijo. Foi muito giro ver
toda a gente com máquinas fotográficas e telemóveis recolher as primeiras
imagens do dia do astro rei. Podemos afirmar com agrado e satisfação, depois de
dezoito horas de viagem: Objectivo
atingido!
Claro que o dia e a viagem
não terminavam ali. Então e o regresso a casa? Há pois.
Agora havia que fazer o
inverso. Pelo que me foi dado auscultar, fui a pessoa que viajou de mais longe.
Já tinha feito mais de setecentos quilómetros. Estava montado em cima da moto
desde o meio-dia do dia anterior (tirando algumas paragens para abastecimento,
quer da moto quer do condutor).
O pequeno-almoço estava
também programado pela organização na praia de Sagres no snack Chiringuito. A
simpatia das senhoras que nos serviram o mesmo, estava perfeitamente aliado a
tudo o que nos tinham colocado à disposição. E a verdade é que a vontade já era
alguma.
Como havia necessidade de
regressar, também não se podia comer muito para que a viagem fosse como
desejávamos. A questão que de imediato se colocou, foi a de quem é que fica e
quem é que vai já de seguida?
A família Cisneiro e
familiares como estavam próximo de casa disseram que iam arrancar já.
Considerando que eu tinha tanto ainda para andar, decidi também partir de
imediato, até porque àquela hora (07:15h) o calor já era algum. O receio de
passar no Alentejo mais para a tarde, estava a assustar-me pois o cansaço
poderia pregar-me alguma partida indesejada. O Guilherme Alencar também decidiu
acompanhar-nos pois estava bem e pretendia chegar a casa ainda para almoçar com
a família, já que ficava em Lisboa.
Como todos os outros
decidiram ficar, despedimo-nos e partimos. Estávamos a abastecer as motos numa
estação de serviço ainda em Sagres, quando o António Silva e o David Cabecinhas
apareceram e decidiram também partilhar o regresso, com o mesmo receio do calor
mais tarde.
Na A13 despedimo-nos do
pessoal do Montijo, a família Cisneiro que rumou para casa. Também o António e
o Guilherme rumaram a Lisboa, pelo que só o David e eu seguimos em direcção a
Santarém. Ali apanhámos a A1 e foi rodar até Leiria onde o David também ficou.
Acabei de novo por viajar sozinho até Coimbra para depois entrar no IP3. Fiz de
novo um pequeno intervalo em Tondela, onde um banho rápido e um pequeno
abastecimento me fizeram muito bem. Dali até casa foi um saltinho. Cheguei bem
(e todos chegámos bem, mesmo os que ficaram para o regresso mais tarde) e
quando eram 20:00h já estava de pantufas.
Ficaram para trás momentos
únicos, inesquecíveis, amigos novos, qualquer coisa como 1.477 quilómetros e
28h seguidas em cima de um banco de moto (Yamaha FJR 1300).
Cansado? Nem por isso.
No próximo lá estaremos de
novo (se houver).
Algumas fotos do evento:
Boa Zé. Com um cronista assim vale a pena ler crónicas. Mesmo quem não esteve lá, consegue viver os bons momentos que passámos. Muito bem relatado. Gostei.
ResponderEliminarMais um excelente relato do nosso cronista-mor. Permite a quem não foi, viver o passeio.
ResponderEliminarSó faltou referir que tanto o David como eu quando chegados à parte final da A13 já em Santarém, tivemos muita sorte pois um "amigo" da BT da GNR, estava a retirar o radar no momento exacto da nossa passagem.
ResponderEliminarUffffffff......................